Dados recentes do Censo 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que as populações pretas e pardas no Brasil continuam a enfrentar desigualdades significativas no acesso à infraestrutura urbana. Essas disparidades refletem padrões históricos de exclusão social e econômica, afetando diretamente a qualidade de vida desses grupos.
Calçadas e acessibilidade
A pesquisa indica que, embora 84% dos brasileiros residam em vias com calçadas, apenas 18,8% vivem em locais onde essas calçadas estão livres de obstáculos, como buracos, desníveis ou entradas irregulares. Além disso, a presença de rampas para cadeirantes é uma realidade para apenas 15,2% da população. Entre os brancos, 19,2% têm acesso a essas rampas, enquanto entre pretos e pardos, os números caem para 11,1% e 11,9%, respectivamente.
Infraestrutura de mobilidade
A disponibilidade de ciclovias e ciclofaixas também é desigual. Apenas 1,9% da população brasileira vive em áreas com esse tipo de infraestrutura. Entre os brancos, 2,5% têm acesso, enquanto entre pretos e pardos, os índices são de 1,4%.
Saneamento básico
A presença de bueiros nas ruas, indicador de saneamento básico, está presente em 60,8% das áreas habitadas por brancos. Para pretos e pardos, os números são de 50,7% e 47,1%, respectivamente, abaixo da média nacional de 53,7%.
Causas estruturais
Especialistas apontam que essas desigualdades estão diretamente relacionadas aos indicadores socioeconômicos desses grupos e ao fato de serem maioria dos habitantes de favelas e comunidades urbanas. Em novembro de 2024, o IBGE revelou que pretos e pardos representam 72,9% dos moradores de comunidades.
Impacto na qualidade de vida
A falta de infraestrutura adequada afeta diretamente a mobilidade, segurança e saúde das populações pretas e pardas. A ausência de calçadas seguras e acessíveis, por exemplo, dificulta o deslocamento de pessoas com deficiência e aumenta o risco de acidentes.
Políticas públicas e inclusão
Para enfrentar essas desigualdades, é fundamental que políticas públicas sejam implementadas com foco na inclusão e equidade. Investimentos em infraestrutura urbana devem priorizar áreas historicamente negligenciadas, garantindo acesso igualitário a todos os cidadãos, independentemente de sua raça ou cor.
Conclusão
Os dados do Censo 2022 reforçam a necessidade urgente de ações concretas para combater as desigualdades raciais no Brasil. Garantir infraestrutura urbana de qualidade para todos é um passo essencial para promover justiça social e melhorar a qualidade de vida das populações pretas e pardas